PELD - TANG | Legados do desmatamento e da degradação florestal na fronteira agrícola Amazônica: impactos sobre a biodiversidade, o ciclo do carbono e os recursos hídricos (Fase 2)
Acronym: PELD - TANGDescrição
As mudanças do uso da terra têm alterado fundamentalmente a dinâmica, o funcionamento e a estrutura das florestas estacionais semideciduais no ecótono Amazônia-Cerrado. Essas alterações, por sua vez, influenciam o clima local/regional através de disrupções do ciclo hidrológico, do carbono e de energia, com importantes implicações à biodiversidade regional e integridade dos córregos da região. Esses efeitos podem persistir por décadas e interagir com mudanças climáticas globais. No entanto, as possíveis trajetórias de florestas e ambientes aquáticos permanecem pouco entendidas na fronteira agrícola amazônica, bem como os seus impactos à biodiversidade e aos serviços/funções ecossistêmicos associados.
Desde a implementação do PELD-TANG na fronteira agrícola do sudeste Amazônico, avançamos o entendimento dessas relações entre florestas e ambientes aquáticos de água doce em paisagens sendo transformadas pela agricultura mecanizada de larga escala. Nos últimos quatro anos, foi possível compreender diversos aspectos da trajetória de mortalidade de árvores pós-distúrbio e da recuperação de ambientes terrestres e aquáticos sendo expostos a distúrbios, bem como os mecanismos pelos quais esses processos ocorrem. Os objetivos gerais e específicos desta proposta em relação à anterior permanecem, com mudanças em atividades. Propomos quantificar como a degradação por distúrbios e o desmatamento das florestas localizadas na fronteira agrícola amazônica impactam as relações entre a biodiversidade, os processos ecossistêmicos e a integridade de córregos da região, assim como as trajetórias de florestas e ecossistemas aquáticos ao longo do tempo. Mais especificamente, o estudo pretende quantificar no longo prazo: (1) os efeitos (conjuntos e separados) da fragmentação e de distúrbios pelo fogo e vento na estrutura, dinâmica e trajetórias de florestas de terra firme; (2) os efeitos de distúrbios nas funções ecossistêmicas e na biodiversidade dessas florestas; (3) como mudanças climáticas locais associadas ao desmatamento e à degradação florestal alteram regionalmente o balanço de água e energia e, assim, a integridade das florestas ripárias e os parâmetros físico-químicos da água em córregos de primeira ordem; e, (4) os efeitos sinérgicos entre perda de habitat florestal, fragmentação, alterações na disponibilidade de nutrientes sobre a biodiversidade de invertebrados e vertebrados, terrestres e aquáticos, em ambientes de florestas ripárias. Para tanto, o nosso grupo de pesquisa interdisciplinar empregará diferentes técnicas para medir a degradação florestal pelo efeito de borda, pelo fogo e por tempestades de vento; a resiliência de florestas de terra firme no longo prazo; a saúde de córregos em diferentes tipos de microbacias; e, a relação entre a agricultura e as mudanças no ciclo hidrológico, e as suas relações com a integridade de florestas. As técnicas a serem empregadas variam amplamente: torres de fluxo (vórtices turbulentos) de CO2 e H2O; LiDAR terrestre e aéreo para caracterização da estrutura da floresta; inventários florestais e de diversos animais; medição de vazão de rios, dentre outras. Essas técnicas têm sido utilizadas na coleta de dados ecológicos e climatológicos na região desde 2004. Este acúmulo de informações provavelmente coloca o nosso sítio de pesquisa (Fazenda Tanguro) entre os principais sítios de longo prazo da Amazônia.
A continuação das medições já existentes e a inserção de novas medições--através desta proposta—poderiam alavancar este conhecimento e gerar novas informações de alta relevância para universidades locais e para a sociedade brasileira em geral. Ou seja, pesquisadores e estudantes locais seriam expostos à pesquisa (a) de alta qualidade internacional, (b) baseada em experimentos na escala da paisagem, (c) interdisciplinar e (d) que explora os efeitos das mudanças climáticas e do uso da terra nas relações entre florestas e ambientes aquáticos. Com estas oportunidades, o PELD-TANG contribui desde 2016 para a redução no desbalanço que existe entre as universidades do sudeste e do norte do país no que se refere a oportunidades de fazer pesquisa relevante e de alta qualidade, contribuindo no desenvolvimento de seis dissertações de mestrado e duas tese de doutorado concluídas, e duas teses de doutorado em andamento, além de 27 artigos científicos publicados e cinco resumos apresentados por autores de diferentes regiões do Brasil com pesquisadores estrangeiros. A implementação do PELD-TANG criou a oportunidade de enriquecer o diálogo entre a pesquisa ecológica, políticas públicas, e o setor privado. A pesquisa aplicada feita na Fazenda Tanguro tem o potencial de exercer ainda mais impacto se garantirmos sua continuidade como sítio PELD, através da continuidade do modelo de investigação ecológica aqui estabelecido, no qual podemos entender as implicações de grandes mudanças na paisagem de vários pontos de vista, respondendo perguntas relevantes não só para a ciência, como para os produtores rurais, os povos indígenas, a nova geração de alunos da região, e da sociedade brasileira como um todo. Assim o PELD contribui para o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável.
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Ultima atualização de metadados a 2022-10-05 16:30:07.0