PELD-SELA | Efeitos sistêmicos de uma rara cooperação boto-pescador
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Cooperação é um paradoxo evolutivo e uma escolha geralmente incompreendida. Em um mundo de ações egoístas, como emerge a cooperação? Interações cooperativas entre indivíduos ou entre espécies intrigam pesquisadores por mais de século. Porém, pouca atenção foi dada a estudos empíricos que validem as expectativas teóricas, e muito menos às consequências da cooperação além de custos e benefícios individuais. Pode um evento cooperativo influenciar a dinâmica das populações envolvidas e gerar consequências sistêmicas? Esta proposta representa uma rara oportunidade de combinar dados empíricos com modelos teóricos para responder tais perguntas mediante um estudo em longo prazo de uma cooperação entre botos e pescadores artesanais forrageando por um recurso comum, a tainha. Esta interação, que ocorre no Sistema Estuarino de Laguna, sul do Brasil, compõe o repertório cultural local—tanto de pescadores quanto de botos—por mais de 120 anos, porém pouco se sabe sobre os mecanismos que a mantém e suas consequências para as populações de botos e pescadores. Entender tais mecanismos é fundamental para predizer as condições mínimas de disponibilidade de recursos e perturbações antrópicas para que os serviços ecossistêmicos desta interação sejam mantidos. A partir de coletas sistemáticas de dados empíricos, estamos desvendando os mecanismos comportamentais da interação boto-pescador, e estimando parâmetros populacionais de botos, pescadores e recursos pesqueiros. Para investigar se a interação influencia a dinâmica e viabilidade das populações de botos e pescadores, estamos desenvolvendo múltiplos modelos matemáticos—numéricos e estocásticos—para predizer a estabilidade da interação boto-pescador e trajetórias populacionais em diferentes cenários de disponibilidade de recurso. Como esta interação envolve diretamente a comunidade de pescadores artesanais, é preciso entender sua influência ecossistêmica e nos contextos culturais, econômicos e sociais locais. Para isto estamos desenvolvendo um modelo ecossistêmico da área de estudo, além de um modelo bioeconômico que combina dados comportamentais e populacionais dos botos e dos recursos pesqueiros com dados sociais e econômicos dos pescadores. Estes modelos encontrarão soluções economicamente ótimas, socialmente justas e ecologicamente sustentáveis para o manejo da pesca artesanal com botos e outras pescarias deste sistema. Nossos resultados iniciais são animadores e indicam um alto potencial deste projeto alcançar seu objetivo maior: integrar o contexto ecológico com o cultural, social e econômico das pessoas que dele dependem, para propor soluções ótimas e justas para a conservação desta rara interação boto-pescador, dos seus aspectos culturais envolvidos e dos benefícios econômicos existentes.
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Metadata last updated on 2024-04-11 10:02:29.0